ILÊ OLOROFIBÔ
(A CASA DO SENHOR DOS SEGREDOS DE OXOSSI)
Olga do Alaketu
Olga Francisca Régis, conhecida como Olga do Alaketu, foi mãe de santo do terreiro de candomblé “Ilê Maroiá Láji” – o famoso “Terreiro do Alaketu” - por 57 anos. Filha de Etelvina Francisca Régis, Dona Olga é descendente direta da fundadora do terreiro, a africana Otampê Ojarô (que aqui no Brasil foi batizada de Maria do Rosário), princesa da linhagem real Arô, do Antigo Reino de Ketu, localizado no atual país Benin. Sendo o “Ilê Maroiá Láji” um terreiro cuja sucessão de liderança obedece à linhagem sanguínea feminina, após sua morte Olga foi substituída por sua própria filha, Jocelina Barbosa Bispo.
Quando Olga nasceu, em 09 de setembro de 1925, a sacerdotisa do terreiro, localizado no bairro Matatu de Brotas, em Salvador (BA), era sua tia-avó Dionísia Francisca Régis. Foi mãe Dionísia quem iniciou Olga para o Orixá Iansã quando esta tinha dezesseis anos. Antes, aos 11 anos, Olga havia sofrido um acidente enquanto brincava e quase ficou cega. Segundo conta, foi o caboclo Jundiara quem a curou, com a condição de que ela cuidasse dele, o que fez até a sua morte.
Olga de Alaketu tornou-se mãe de santo em 1948, aos 23 anos, época em que mães de santo famosas e carismáticas comandavam os principais terreiros de Salvador; enquanto Mãe Menininha reinava no Gantois, Mãe Senhora liderava o Axé Opô Afonjá. Foi grande, portanto, a responsabilidade desta moça de 23 anos ao assumir a liderança da casa. No entanto, desde pequena Olga já vinha sendo preparada por Mãe Dionísia para exercer a função com seriedade e comprometimento.
No inicio dos anos 70 Olga mudou-se para São Paulo, onde residiu por 20 anos, voltando constantemente a Salvador para as festas e obrigações em sua casa de candomblé. A mãe de santo teve endereço na Pamplona e em diversas casas no bairro da Vila Madalena. Na capital paulista, Dona Olga realizava consultas e pequenos trabalhos, sendo que em 1998 participou de um seminário promovido pelos programas de Pós-graduação em Sociologia da USP e da PUC-SP. Antes, em 1997, Olga havia recebido do então presidente Fernando Henrique Cardoso a Ordem do Mérito Cultural, prêmio dedicado a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento cultural do país.
Ao todo, Olga iniciou mais de duzentos filhos e filhas-de-santo, ao passo que teve oito filhos biológicos com José Cupertino Barbosa, sendo que dois deles faleceram, restando-lhe três homens e três mulheres. Todos possuem cargos e responsabilidades no Terreiro do Alaketu. José, o filho mais velho, por exemplo, é Axogum da casa.
Por seus filhos de santo e de sangue, Dona Olga de Alaketu é sempre lembrada como mãe generosa, carinhosa e acolhedora. Estava sempre disponível para atender aos seus filhos. Possuía duas qualidades indispensáveis a uma boa líder: ser paciente e ter enorme facilidade para ensinar.
Ao longo de sua vida, a mãe de santo foi amiga de políticos ilustres como Getúlio Vargas e Jucelino Kubistchek e sua casa era constantemente visitada por Edson Carneiro, Pierre Verger, Gilberto Gil, Jorge Amado e Camafeu de Oxóssi. O terreiro do Alaketu foi tombado em 2004 pelo IPHAN no mesmo dia 3 de dezembro em que o ofício da baiana de acarajé tornou-se patrimônio culturale imaterial do Brasil